Um papo sobre burnout e carreira

Até 2 anos atrás eu nunca tinha ouvido sobre burnout. De lá pra cá, provavelmente eu já tive 2 ou 3.

Esse terceiro possivelmente estava aqui até 20 dias atrás, talvez eu tenha saído antes, talvez não. Provavelmente sem terapia teria sido bem pior, ou eu nem teria percebido que o burnout estava na porta.

Mas esse papo não é exatamente sobre burnout, é sobre como eu enxergo a carreira de desenvolvimento de software.

Antes mesmo de ser desenvolvedor de software eu tinha o desejo de encontrar uma boa empresa, que tivesse espaço para crescer onde eu pudesse ficar 20 anos, me tornar diretor América Latina e me aposentar com rios de dinheiro no banco. (Eu sei, isso é muito millenial)

Pulando de galho em galho

Todo acontece e evolui muito rápido, nos últimos 6 anos eu trabalhei em 3 empresas, isso era impensável para mim no início da carreira, mas olhando pra trás foram excelente decisões as mudanças que tomei.

Mas como saber se é a hora certa de sair da empresa? A não ser que a empresa esteja fechando e demitindo todo mundo (já trabalhei em uma assim), é difícil tomar essa decisão olhando para a empresa, o certo é olhar pra você, pra sua carreira e tomar a decisão.

Desafio (vencível), Metas e Feedback

Desafios vencíveis

Cientificamente esses são os 3 pilares que fazem a gente gostar de alguma coisa. É o principal motivo por conseguirmos jogar video-game durante horas. Você tem um desafio: passar de fase, matar o chefe, ganhar a corrida. Mas uma coisa é importante, os desafios são vencíveis. Ninguém cria jogos impossíveis de vencer. Se na sua empresa tem um desafio não vencível (você está sendo discriminado? seu patrão te odeia?) é melhor mudar de empresa.

Outra coisa também é ter novos desafios. Se é sempre a mesma coisa, difícil continuar trabalhando com gosto.

Metas

Metas tem que ser claras. Porém mais do que isso, as metas da empresa também tem que ser suas metas. Quando a empresa consegue o que quer, você consegue o que quer? Sem metas, é difícil manter o foco e tomar decisões. Se tudo é importante então nada é importante.

Feedback

Os feedbacks nos jogos são rápidos e claros, se você pula em um buraco que não devia, o personagem morre e você já sabe que não pode fazer de novo, se o personagem come uma plantinha milagrosa a energia é reestabelecida e você fica mais forte, agora você vai ficar de olho bem atento se essa plantinha aparecer de novo. Muitas vezes a recompensa é vencer o próprio desafio, melhorar o carro, ganhar uma armadura melhor pro seu personagem ou zerar o jogo.

Agora pense: a empresa que você está atualmente tem feedbacks rápidos e claros? Você está a muito tempo sem novos desafios? Quais as recompensas você tem por vencer vários e vários desafios? Você sabe quais são as metas da empresa?

Domando a própria carreira

Depois de se perguntar tudo isso, você pode perceber que talvez você possa melhorar um pouco seu ambiente de trabalho apenas gamificando a coisa. Que tal implementar aquela documentação com Storybook que você sempre quis fazer mas ninguém nunca prioriza? Porque não melhorar a cobertura de testes naquela parte da API que sempre dá erro e ninguém entende muito bem o porquê?

Tenho certeza que você sabe algumas coisas que você adoraria fazer, e na média, tornariam sua rotina um pouco mais divertida no trabalho.

Lembre-se sempre, no fim do dia é sobre você e não sobre a empresa do seu chefe.

Referências

Vídeo Burnout - Augusto Galego

Livro A Surpreendente Ciência por trás do sucesso - Erik Barker

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André Felizardo
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