Pessoas não usarão mais seu produto, robôs sim

Rafael CifuRafael Cifu
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Por mais estranho que pareça, mal entramos nesse universo das IA's e o tráfego de robôs em nossos sites e plataforma cresce todos os dias, exponencialmente.

O Bad Bot Report trouxe um número alarmante, demonstrando esse cenário de forma quantitativa. "O tráfego automatizado ultrapassou pela primeira vez o tráfego humano na internet. Em 2024, 51% de toda a movimentação online foi gerada por bots. Mais alarmante: 37% desse total corresponde a bots maliciosos".

O ponto que já chama atenção é: talvez uma das maiores oportunidades em software para os próximos anos seja segurança da informação.

Se você juntar a tendência de agentes de IA e MCP (uma forma de conectar estruturas de IA a sistemas) para todo o lado e o Vibe Coding (pessoas não técnicas criando produtos de software usando IA), o horizonte parece meio caótico.

Mas olhando um pouco além desse ponto de vista apocalíptico, temos possibilidades fantásticas e mudanças importantes de paradigma pela frente, que podem, inclusive, criar as próximas grandes empresas que vão revolucionar o mundo.

Então a pergunta que fica é: você vai saber aproveitar essa mudança?

O que é tráfego e o que de fato vai mudar

Você pode pensar em tráfego como a quantidade de pessoas que navega e/ou utiliza seu site, plataforma, App, chat ou o que for.

Pense por um instante que essa conversa pareceria até um pouco absurda a alguns anos ou décadas atrás, pois todo o desenvolvimento era focado 100% em usuários humanos. Vai falar que você nunca colocou um human-centric em alguma apresentação para dar aquele charme? Eu já, e várias vezes, que atirem a primeira pedra.

Fato é que esse paradigma está sendo colocado a prova agora mesmo, e de forma categórica.

Em um comportamento de uso onde eu converso com um modelo de IA e esse modelo, que já está previamente conectado a centenas (ou milhares) de plataformas e sites, resolve algo para pra mim, inclusive trazendo um pensamento crítico sobre aquela necessidade, talvez até cruzando com os dados que ele sabe sobre mim, faria sentido eu continuar sempre executando algumas coisas manualmente?

De bate pronto, me parece que a resposta é não.

Será que em breve eu direi ao modelo: "Olha, to precisando de um tênis novo para correr, pode ver umas boas opções para mim e quando eu escolher, você compra?", e o modelo me dirá: "Olha Rafa, também acho que você precisa, mas lembra que semana passada você me disse que aquela marca que você gosta irá fazer um lançamento no próximo mês? Então, quer que eu acompanhe isso para você e quando chegar eu te mande possibilidades, valores e tudo mais por aqui? Se você achar legal, eu já compro para você".

Essa questão tem feito refletir muito sobre o desenvolvimento de produtos digitais, UX e tudo mais que conhecemos e fazemos hoje. Penso que toda essa teoria está sendo colocada a prova e as mudanças que vem por aí serão de magnitude altissima.

Além de ponto de vista comportamental, do ponto de vista prático, as interfaces e APIs também mudarão drasticamente, nos próximos anos.

A nova interface é não ter interface

Pra mim é um pouco difícil fazer essa provocação, logo eu que sou apaixonado por design de interface, micro interações e tudo mais.

É claro, as interfaces não deixarão de existir - na minha visão (ufa), mas minha predição é que cada vez mais iremos olhar para produto digital sob o ponto de vista do acesso e tráfego vindo por diversas novas origens, principalmente as origens robóticas (agentes de IA, assistentes, MCPs, etc).

É muito possível que no futuro breve, a maioria das interações com o seu produto ou serviço serão via essas fontes de tráfego que já comentei aqui.

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E se essa premissa se mostrar possível, de fato a provocação de Satya (CEO da Microsoft) parece ter ressonância. Realmente, fará pouco sentido construir um amontoado de CRUDs (nome técnico para a parte do sistema que cria, atualiza e deleta algo) sendo que eu posso pedir o que quero para uma IA e ela trazer pra mim, ou mesmo resolver problemas complexos.

Como se preparar?

Acredito que o primeiro passo é se interessar por esse universo, com calma, tranquilidade e sabedoria para diferenciar som de ruído.

Para quem está dentro da bolha, tudo parece estar acontecendo rápido demais e aquele sentimento de FOMO, é quase inevitável. Mas na verdade mesmo, a velocidade não está tão alta assim, então respira fundo e vamos um passo por vez:

Nesse vídeo você pode ter um vislumbre sobre isso tudo que comentei aqui, sendo demonstrado nesse protótipo do Google. Isso pode te ajudar a entender e tangibilizar essas provocações que fiz, e também deixar sua mente imaginar caminhos e possibilidades para o seu projeto.

Neste artigo da OpenAI, criadora do ChatGPT, você pode investir tempo em entender alguns fundamentais sobre esse universo. Se o seu background não é técnico, pode ser irrelevante usar tanto tempo com coisas super técnicas, e lembre, os próprios modelos podem ajudar te explicando pontos que você tiver dúvida.

Este artigo da Anthropic tem uma explicação muito fácil de entender sobre o que são MCPs e porque esse conceito / estrutura está se tornando cada vez mais importante.

Neste artigo da Hugging Face você poderá ter uma ótima introdução sobre agentes de IA e como esse pode ser uma das maiores origens de tráfego e interações com o seu produto ou serviço no futuro próximo.

Por fim, lembre-se de algo muito importante e que pode acalmar seu coração: todos estão jogando esse jogo pela primeira vez, ninguém sabe ao certo as melhores jogadas, posições e táticas. Estamos todos aprendendo on the fly.

E não esqueça do mais importante, mesmo que 100% das interações sejam via rôbos no futuro (o que não acho provável), as intenções, motivações e emoções de quem está alimentando e conversando com esses rôbos, sempre será de de humanos.

Então seja lá como esse jogo se mostrar nos próximos meses e anos, uma frase que gosto de repetir é que o futuro é das subjetividades humanas.

// Escrito por um humano 🩵 - Revisado por uma IA 🤖

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Rafael Cifu
Rafael Cifu

Alguém apaixonado por projetos e produtos que mudam a vida das pessoas para melhor.