Como ser um nomade digital ganhando em real em meio a uma pandemia global sem visto

Durante a pandemia, escrevi esse manual mas acabei não publicando.
Achei interessante revisitar esse material porque ele reflete uma fase bem legal da minha vida.

A princípio, a ideia da viagem era tentar me vacinar em outros países e viver o lockdown em lugares diferentes. Quase consegui me vacinar na Alemanha, mas no fim das contas não rolou. A viagem terminou quando a vacina chegou ao Brasil — e aí voltei para me vacinar aqui.

Viajar durante o lockdown, sem festas, bares ou eventos, me levou a viver exatamente o que mais gosto em uma viagem: o cotidiano. Ir ao mercado, aprender a sobreviver num lugar completamente novo, onde muitas vezes nem o idioma eu entendia.
Antes que rolem críticas: tive pouquíssimo contato com outras pessoas e, quando tive, me isolei por semanas antes de sair novamente.

A diferença de fuso horário acabou se tornando uma aliada. Como sou uma pessoa noturna, consegui me adaptar muito bem: acordava, cozinhava no próprio Airbnb, caminhava pelas ruas ou parques para conhecer o local. No fim do dia, por volta das 16h, era o horário da minha daily.
Me lembro que nunca fui tão produtiva.

Entrada

Sem visto

Verifique países que não precisam de visto. Paises na america latina sao mais flexiveis
Geralmente na Europa você só pode ficar 60 dias em cada país. Alguns exigem que você declare exatamente quantos dias e mostre passagens de ida e volta e talvez até que mostre onde vai ficar hospedada.

Restrições comuns

- Não pode entrar em países com variantes de alto risco
- Necessário comprovante de vacina OU PCR negativo
- Quarentena de 10 a 14 dias após chegada. Alguns países exigem hotel, outros não. Após refazer o PCR, deve ser possível diminuir essa quarentena para pelo menos 4 dias.
- Plano de saúde do país
- Máscaras específicas

A lista de restrições para cada país é muito volátil, às vezes sendo atualizada a cada 15 dias. Mesmo olhando sites explicando a situação de cada país, alguns mudam apenas o ESTADO. Quando fui para a Alemanha, no caso, apenas o estado da Baviera estava permitindo viagem não-essencial.

Países como UK, Alemanha, Itália, França são países pra quem ganha muito bem, provavelmente acima do salário real. É possível ir por período de tempo limitado ou rachando com amigos, mas no geral o ideal é procurar por países com IDHs mais baixos como no leste europeu.

No caso, optei por ficar na Ucrânia por quase 3 meses. O custo de vida era realmente muito similar ao brasileiro, eu podia comer bastante grãos, as pessoas eram gente boa e o desafio do idioma era relativamente interessante.

Remédios e Saúde

Plano de saúde do país / Europa

Se o país exige um plano de saúde local, você pode comprar um pra menos tempo só pra entrar e depois se garantir no que você já tinha comprado brasileiro.
Acaba sendo um pouco caro, mas é worth it. O ideal é comprar adiantado, pois depois que tive que prolongar, foi bem mais caro.

Acredito que alguns cartoes de credito como o Martercard Platinum garantem saúde mas vale a pena pesquisar.

Achei esse site que mostra medicacoes analogas em paises diferentes: https://pillintrip.com/search_analog_bupropion_in_romania

Esqueci em um Airbnb o pacotinho de um dos meus antidepressivos, o que estragou alguns dias pois eu fiquei completamente letárgica.

Portanto:

1. Ir para um país permissivo porém com menor risco. Após 10 dias nele, o leque de países com restrições menores para ir pode ser maior.
2. Comprar as passagens de ida e volta desse país. Sendo “volta” qualquer outro país, pois a alfândega precisa ter certeza que você não vai ficar lá pra sempre.
3. Comprar plano de saúde pra BASTANTE tempo.
4. Garantir receitas em inglês, caso necessário.
5. Comprovante em ingles de vacina de febre amarela pode ser necessario. Da pra fazer pelo SUS em qualquer postinho e pegar o comprovante pelo site do governo.

Primeiro passo em cada país

Sacar dinheiro e comprar um CHIP!!

DINHEIRO

- É possível sacar no crédito com o Nubank. Ele permite até 10% do seu limite por mês, então é melhor se garantir com um limite decente.
- Outra possibilidade é já ter providenciado um cartão e conta internacionais, algo que a C6 tem.
- Se necessário, comprar dinheiro no aeroporto, mas tomar cuidado pois as taxas podem ser maiores do que a da conversão da própria máquina de sacar dinheiro.

Com o CHIP você tem acesso à internet para pedir Ubers e outros serviços.

Aplicativos de serviço

Nem todo país ou cidade usa UBER ou iFood. Geralmente usam aplicativos locais como Rocket, Glovo, Bolt etc. Em paises da america latina voce pode usar ate Mercado Pago.
Se pegar um Airbnb, vale a pena perguntar pro host ou dar uma pesquisada em quais apps o pessoal costuma usar.

Comunicação

- Duolingo ou Drops têm alguns cursos de idioma básico que podem ensinar dialetos e frases comuns na viagem.
- O ideal é no mínimo saber falar BOM DIA e OBRIGADO, pois as pessoas ficam sempre menos carrancudas quando você sabe falar isso, ao invés de chegar assumindo que elas deveriam saber inglês.
- Google Translate ao virar a tela fica em fullscreen.
- Não tente mostrar coisas em alfabeto romano pra pessoas que não usam o alfabeto romano, pois elas só ficam mais confusas.
- No geral, apontar pras coisas e pedir pra ver os números acaba sendo o suficiente.

Mas por exemplo: em 3 meses deu pra aprender bastante sobre a cultura e até sobre o idioma. Saí de lá sabendo identificar algumas palavras em cirílico!
Na Alemanha todo mundo geralmente sabia inglês, em Portugal ou Espanha dá pra embromar.

Amigos

Ter amigos próximos dividindo o airbnb é chave pra se divertir nos finais de semana sem poder fazer muita coisa. Procurar por pessoas na internet ou que você conheça nos países pode melhorar muito sua experiência.
Mas ainda assim, vale a pena explorar muita coisa por si mesma.

Algumas opções são Tinder, Badoo, Asfde, grupos no Facebook de brasileiros em algum país.

Quarentena e regras

Se está tudo fechado, não existe passeio.
Andar na rua e comprar comida no supermercado são as únicas opções, e o ideal é respeitá-las.
No geral, na Europa as pessoas não usam máscara na rua, mas sim em lugares públicos — mas também não se aglomeram.
Por desencargo de consciência, usei em todos os contextos.

Formas de economizar

- Opte por estadias de 1 mês no Airbnb por ter desconto.
- Quartos compartilhados não são tão ruins quanto parecem.
- Hostels são a opção mais barata, mas é preciso pesquisar muito bem pra ver se é um lugar com internet decente ou não.
- Casas de amigos ou pensões são o ideal.

Pra viver igual nômade, precisa comer igual local.
A melhor forma de economizar sempre será não pedir delivery, mas sim comprar comida em supermercado e verdura e fruta em feira.

É legal conhecer a comida local indo a restaurantes ou pedindo deles, mas é o que mais acaba salgando o extrato no final do mês.

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Ana Luiza Portello Bastos
Ana Luiza Portello Bastos

Sou Ana Luiza Portello Bastos, moro em São Paulo, mas nasci em Brasília-DF. Minha família vem do norte do Paraná e do interior de SP. Sou geminiana, com ascendente em Escorpião e Lua em Capricórnio. Sou engenheira de software há vários anos, sempre explorando tecnologias diferentes e com um interesse contínuo em temas ligados à teoria da computação. Me formei em Ciência da Computação pela PUC e já trabalhei com diversas linguagens, como JavaScript, Clojure, Elixir, Dart e agora estou começando com Go. Além do trabalho, gosto de matemática e linguagens de programação. Já organizei meetups como o Lambda.IO e o JSLadies e, atualmente, faço parte da organização da GambiConf. Também gosto de palestrar em eventos de tecnologia de vez em quando. Mas além da tecnologia, sou apaixonada por esoterismo, livros, filosofia, psicologia e música – tanto como ouvinte quanto como DJ. Pratico yoga e sou vegetariana há cerca de 15 anos, evitando também o consumo de leite. Este blog é um espaço para compartilhar artigos técnicos, organizar pensamentos e estruturar estudos sobre tudo o que me interessa. Nos meus momentos livres, gosto de pintar e cortar cabelo, assistir animes (especialmente do gênero mecha), ler, escutar música, discotecar, tocar e passear.