Parte 3 - Descomplicando Soluções Analíticas


Beleza, se você acompanhou a conversa até aqui, já sabe: ter uma solução analítica bem-feita não é luxo, é sobrevivência no mundo dos negócios. A gente desvendou o esqueleto e as convicções da nossa abordagem. Agora, como prometido, vamos mergulhar no primeiro e mais crucial passo prático: o que eu chamo de centralização de dados. É aqui que muita gente escorrega, mantendo informação espalhada por todo canto, e é por isso que a gente vai resolver isso de uma vez por todas. Chega de dados jogados para todos os lados, sem rumo, sem propósito.
Pensa comigo: onde é que seus dados moram hoje? Tem o banco de dados da sua aplicação principal, claro. Mas logo aparecem os dados de sistemas de terceiros – seu CRM, as plataformas de marketing, as ferramentas de analytics que você usa. E, honestamente, quem nunca lidou com aquela planilha de Excel ou Google Sheets criada manualmente, cheia de informações importantes (e potenciais erros)? Esse cenário fragmentado é a receita para o caos. Tentar tirar insights de dados que vivem em ilhas separadas é desafiador.
O Primeiro Grande Passo: Carregar Seus Dados para um Lugar Só.
Para mim, a fundação de tudo é pegar todos esses dados dispersos e carregar para um repositório central. No meu dicionário, isso significa um data warehouse. Sim, parece um termo pomposo, mas a ideia é simples: é um banco de dados especializado, otimizado para lidar com análises pesadas, diferente do seu banco de dados de produção que foi feito para transações do dia a dia.
A lógica é essa:
Armazenamento Consolidado: O data warehouse é o seu quartel-general. Ele recebe e armazena dados de todas as suas fontes – da sua app ao CRM e marketing – tudo num só lugar.
Poder de Processamento: Quando a coisa fica séria e você precisa transformar e modelar dados, é o data warehouse que faz o trabalho pesado. Ele foi construído para isso.
Acesso Unificado: No fim das contas, é dali que seus relatórios e dashboards puxam a informação. Tudo concentrado para facilitar a vida de quem precisa tomar decisões.
No início da empresa, quando a loucura ainda não bateu e os dados são poucos, você até consegue plugar uma ferramenta de BI direto no seu banco de produção. Mas a verdade é que isso é um remendo que cobra caro. A performance da sua aplicação pode ir pro espaço, e a galera da engenharia vai te odiar. A saída imediata, se o volume não for gigante, é usar uma réplica do seu banco de dados. Assim, você tem dados atualizados sem sobrecarregar o sistema principal.
Ah, e se você usa um banco NoSQL? Prepare-se. A maioria das ferramentas de BI respira SQL. Tentar analisar dados complexos em NoSQL direto é como tentar correr uma maratona com peso extra nos tornozelos – lento e ineficiente. Nesse cenário, meu conselho é direto: você vai precisar de um data warehouse SQL para centralizar esses dados. É o caminho mais curto para a sanidade.
ELT: A Revolução que Você Ignora Por Sua Conta e Risco.
O processo de levar os dados das suas fontes para o data warehouse é o famoso Extract & Load (EL). Pegar os dados brutos, sem tratamento, e jogar lá dentro. Parece simples, né? Na teoria, sim. Mas na prática, escrever e manter scripts de EL customizados pode virar um pesadelo, com um custo de manutenção que engole o valor que eles geram. É por isso que eu bato na tecla: use ferramentas prontas para esse trabalho. Elas são plug-and-play e resolvem sua vida.
E aqui entra a grande sacada, a virada de jogo que diferencia um setup moderno de um setup do século passado: a briga entre ETL e ELT.
ETL (Extract, Transform, Load): O modelo antigo. Você extrai os dados, transforma eles num servidor separado (o "staging server") e só então carrega para o data warehouse. Isso era justificável quando data warehouses eram caríssimos e lentos. A ideia era "não sujar" o DW com dados brutos. Mas hoje? Isso vira um gargalo, e a equipe de dados se torna uma barreira.
ELT (Extract, Load, Transform): O modelo do futuro. Você extrai os dados, carrega eles brutos para dentro do data warehouse primeiro, e só depois faz as transformações, ali mesmo, dentro do DW. Essa é a minha convicção inabalável.
Por que ELT é a escolha óbvia?
Porque o cenário mudou drasticamente. Os data warehouses na nuvem (como BigQuery, Redshift, Snowflake) são incrivelmente poderosos e baratos. Eles foram feitos para aguentar o volume e a complexidade que antes estrangulavam os sistemas. Com ELT, você elimina o gargalo do servidor de transformação, aproveita o poder de processamento massivo do seu DW e ganha uma flexibilidade absurda. Você não precisa planejar cada transformação nos mínimos detalhes antes de carregar o dado – você carrega tudo e transforma quando precisar, como precisar.
A hora certa para ter um Data Warehouse é Agora.
Você pode se perguntar: "Mas quando é a hora certa para investir em um data warehouse?". Minha resposta é quase sempre: agora. Especialmente se você se encaixa em um desses cenários:
Precisa combinar dados de fontes diferentes para uma visão completa do negócio.
É crucial separar seus dados analíticos dos transacionais para não ferrar a performance da sua aplicação.
Sua fonte de dados original (tipo NoSQL) não é adequada para análises complexas.
Sua demanda por relatórios está implorando por mais performance.
No passado, a decisão era pesada. Hoje, com as opções na nuvem que cobram pelo uso e escalam automaticamente, como o BigQuery, ter um data warehouse deixou de ser uma barreira de custo e complexidade, e se tornou um imperativo estratégico.
Comece a construir sua fundação de dados. Centralizar é o primeiro passo para dominar o jogo. Nosso próximo artigo vai mergulhar nas transformações, onde a mágica acontece de verdade. Você vai ver como transformar dados brutos em ouro puro. Prepare-se, porque o próximo nível te espera!
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Anderson Braz
Anderson Braz
I'm Solutions Specialist and Data Engineer. Also i'm an Enthusiast in Open Software, Technologies and AI.